Maria de Lourdes Sales da Rocha
O caos social que abate sobre a humanidade na atualidade demonstra um desequilíbrio gritante no comportamento humano. A inferioridade moral, sem dúvida, é o que alimenta este estado de coisa. Estudiosos no assunto chamam a atenção para a necessidade de buscar alternativas que possam despertar no ser humano um sentimento de responsabilidade e solidariedade, sem os quais, torna-se impossível a convivência social e conseqüentemente o tão sonhado equilíbrio que concorre para o encontro do caminho que conduz à Felicidade Plena, que segundo Santo Agostinho é onde se realiza a completude humana.
Pesquisas recentes revelam que o novo milênio aponta um cenário de depressão e frustração, de vazios e conflitos, sendo freqüente detectar, em quase todos os segmentos da sociedade, elementos e condições desse estado, por vezes sem perspectivas de melhorias, quando se omitem causas que afastam o ser humano da felicidade independente da faixa etária ou classe social a que o indivíduo pertença. São elementos ou sentimentos tais como: a ganância sem limites, a descrença, a desesperança, a ausência de valores espirituais entre outros males presentes na sociedade atual.
Esta situação de desajuste social denota um distanciamento do ser humano com Deus, criador e sustentáculo humano. Percebe-se que apesar do pensamento cristão sustentado pelo discurso dogmático sobre o destino humano ainda ser expressivo no pensamento ocidental, parece que ele não tem suscitado esforço pessoal no que tange a reforma íntima que possa fomentar a possibilidade de “salvação” e conseqüentemente o encontro com a Felicidade Plena. Pois, a felicidade na contemporaneidade reside no hedonismo, na conquista de bens materiais em detrimento dos bens espirituais que é para onde inclina o conceito de felicidade compreendido por Santo Agostinho, responsável pela síntese que consolidou o cristianismo no ocidente.
A situação acima descrita leva a acreditar que o dogmatismo religioso não esta conseguindo nortear o pensamento humano. Conforme colocação de Léon Denis: “A teoria das penas eternas não é, no próprio pensamento da Igreja, mais do que um espantalho destinado a amedrontar os maus; mas, a ameaça do inferno, o temor dos suplícios, eficaz nos tempos de fé cega, já hoje não reprime a ninguém”. (Léon Denis, O Problema do Ser do Destino e da Dor).
Assim sendo urge ofertar novos horizontes os quais tragam respostas às angustias humanas que se compreende residem nas questões tais como:
De onde vim?
Quem sou?
Para onde vou?
Segundo Allan Kardec a Doutrina Espírita tem como missão precípua resgatar o cristianismo primitivo - saciar a miséria moral e levar consolo aos corações humanos. Por esta razão os ensinamentos advindos desta Doutrina devem ser ofertados, como possibilidade de respostas às angústias humanas e, portanto, redirecionar ações e mudança comportamental positiva, tão necessária ao desenvolvimento da humanidade.
Conforme já mencionado, a missão precípua da Doutrina Espírita é resgatar o Cristianismo primitivo deixado por Jesus. Portanto, quando do cumprimento desta missão; “quando essa doutrina retornar à sua pureza primitiva, e for admitida por todos os povos, dará a felicidade à Terra, nela fazendo reinar, enfim, a concórdia, a paz e o amor”. (ESE, cap. XIII, item 17)
O centro espírita que se destina a desempenhar o papel de educador de almas e, portanto, auxiliar na construção do homem de bem, assume papel de suma importância na sociedade atual, tão carente de respostas.
Sobre o entendimento de Divaldo Franco:
“O Centro Espírita é a célula mater da nova sociedade, [...] realizará o mister de transformar-se na célula viva da comunidade onde se encontra, criando uma mentalidade fraternal e espiritual das mais relevantes, porque será escola e santuário, hospital e lar, onde as almas encarnadas e desencarnadas encontrarão diretrizes para uma vida feliz e, ao mesmo tempo, o alimento para sobreviver aos choques do mundo exterior.”
(Divaldo P. Franco, Diálogo com dirigentes e trabalhadores espíritas, 2. ed., p. 19)
Assim sendo, compreende-se que urge divulgar estas verdades em prol do adiantamento moral da humanidade e conseqüentemente encurtar o caminho que a conduzirá ao encontro da Felicidade Plena.